vendredi 18 février 2011

Sobre o céu e o sol

É impressionante como existem coisas óbvias que nos passam despercebidas quando estamos imersas em um contexto já familiar para nós.  Por exemplo: a importância do Sol e do céu azul na nossa vida. Nasci e vivi ate o ano passado em Fortaleza, Ceará.  A “Terra do Sol” tem uma temperatura média de 25 a 28 graus, as estações do ano resumem-se em duas: verão e verão com chuva (LOPES®).  Passei a minha vida toda reclamando do calor. Continuo não gostando e me sentia de fato irritada ao me perceber às 10 horas da manha toda “preguenta”.

Sempre fantasiei que o clima na Bélgica seria perfeito. Inclusive as pessoas daqui ficavam espantadas quando a gente dizia que um dos motivos que nos trouxe à Europa foi o clima. Os belgas são loucos pelo Brasil e o sonho de consumo deles é uma temperatura média de 25 graus :-p.

Minha opinião sobre o clima se mantinha até que foi chegando o outono. Tudo ficando laranja, diferente. Começava a sair fumaça da nossa boca e tudo era uma deliciosa novidade. Até que o dia foi ficando cinza, e mais um dia cinza, outro dia cinza...

Um aviso aos brasileiros a caminho da Europa: o sol e o céu azul fazem MUITA falta. Eu que sempre gostei de dias chuvosos, me pegava com a mão para fora da janela na tentativa de aproveitar uma “réstia de sol”.

Sempre suspeitei que a depressão de inverno fosse mais uma “invenção” da modernidade e que seu tratamento era mero placebo. Agora começo a acreditar que ela de fato existe. Não que eu tenha tido depressão de inverno, mas de fato nosso humor fica bem alterado nessa época.

Basicamente, você sente mais vontade de dormir, dificuldade para acordar, vontade louca de comer chocolate e carboidratos, humor deprimido, fadiga persistente. 


A condição não está descrita no DSM-IV, mas já faz parte da rotina da clínica psiquiátrica. 

Comecei a refletir sobre essa questão, e mesmo com as causas ainda desconhecidas, acredito que não seja uma questão meramente neurobiológica. A psicologia ambiental já propaga desde o início do século XX a influência que o meio ambiente tem sobre nosso comportamento, emoções:


Existem coisas em nosso meio ambiente que obviamente não podemos mudar. Não podemos trazer o sol em dias nublados, mas podemos nos posicionar de uma forma diferente, escolher cores diferentes, compartilhar sorrisos e procurar fazer algo que nos deixe felizes (não necessiariamente comer chocolate). Parece clichê e piegas, mas no outono e no inverno não nos resta muitas opções e mesmo o chocolate sendo uma alternativa rápida, prática, fácil de carregar na bolsa e DELICIOSA (estamos falando de chocolates belgas!), as conseqüências podem ser trágicas (pesinhos  a mais, espinhas pelo rosto) e nada favoráveis a longo prazo.

Prefiro colocar um Chico Buarque no celular (sim, o Chico tem musicas felizes também http://letras.terra.com.br/chico-buarque/85838/ )  escolher uma roupa mais colorida e colocar um sorriso no rosto, sem lamentar-me se um dia ou outro cair na tentação do chocolate.

10 commentaires:

  1. Nossa, parabéns pelo excelente texto, adorei.
    Bjsssss

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  2. Caramba, muito bom o texto! O fator climático influencia no humor e comportamento das pessoas. Essa visão dos estrangeiros sobre o calor humano do brasileiro reflete isso e vice-versa, o conceito de que os estrangeiros são mais reservados, sérios...
    Um beijo :***

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  3. "É impressionante como existem coisas óbvias que nos passam despercebidas" e como você soube tratar o assunto com simplicidade e inteligência!
    Acho que a rotina, o cotidiano, encarceram muito nossa criatividade e nosso deslumbramento com as coisas tão naturais, simples... mas o bom é perceber que isso não acontece com você :) o texto tá ótimo, instiga o "carpe diem", tentar aproveitar a vida do jeito que é, com sol ou com chuva, né? :D (eu prefiro a chuva! hehe)

    beijo, alicinha!

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  4. adoreiiiiiiiii..sem palavras..

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  5. Alice querida, a ausência do sol na nossa rotina aciona aquela tal angústia do cotidiano, que nos força a se reposicionar, buscando outras cores e luzes. Dia desses, chuvas cearenses me fizeram sentir incômodo tipo aquele meio de pensamentos e sentimentos mofando, perdendo a cor, rápido busquei outro jeito de enfrentar as cinzas do tempo. Saudades, querida, beijo, Fernanditas

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  6. Essa sua esperteza e sensibilidade retrata fielmente o cotidiando que passaria despercebido por pessoas comuns. Vá em frente, tem feito sentido sua escrita! Gostei muito!

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  7. Sem dúvida o texto está muuuito bom!
    E fico feliz percebendo que não há no mundo algo que vc não possa se adaptar!
    Está certíssima em aproveitar o que a vida está te proporcionando!!
    Estou aqui (no calor do Brasil) sempre na torcida!!!
    Saudades!!
    Drica

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  8. Obrigada por todos os comentarios!!! Escrever esta de fato me fazendo muito bem, me levando a desenvolver reflexões que de outra forma se perderiam no tempo.

    Amo todas vocês e estou com muitas saudades!!!

    Bjssss

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  9. Mocinha...
    Realmente, tantas coisas que nos são comuns quando saem de nossas vistas fazem doer o peito com uma saudade imensa! Aquilo que mal percebemos durante o dia é porque já nos é pele... No seu caso e de meu grande amigo, seu esposo, é que a pele parece arrancada... E isso dói como em brasa...

    Viva ao céu azul e ao nosso sol!!
    Viva ao chocolate que te salva!!
    Viva à boa experiência de vocês!!

    Que o cinza dos dias de frio seja apenas um detalhe... Que o abraço do casal seja o mais quente e amoroso sempre!!

    Bjossssss!!

    =)

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  10. Lindo comentário, Shirliane!! Obrigada! bjsss

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